"Eu sou o verdadeiro rastro, o sinal mais sólido a testemunhar tudo que vivemos durante dez anos na Argélia. Eu escondo a história de toda uma guerra, inscrita na minha pele desde que era criança."
Sobrevivente de um massacre que dizimou sua família durante a guerra civil argelina, Aube traz no pescoço a cicatriz do corte que por pouco não lhe tirou a vida, mas lhe roubou a voz. Usa a língua interior, "a língua do sonho, dos segredos, a língua daquilo que não tem língua", para se dirigir à filha que carrega no ventre, enquanto decide se dará ou não continuidade à gestação. Na esperança de que os mortos lhe tragam alguma resposta, parte em uma viagem de volta ao seu povoado de origem.
Língua interior justapõe a jornada pessoal de Aube ao testemunho histórico da guerra em uma narrativa corajosa e pungente que não se furta nem ao horror, nem à poesia. Este não é um romance de morte ou sobrevivência, mas, como define Kamel Daoud, de ressurreição.