Paulo Freire, em seu livro A Educação na Cidade (1991), afirmou que "ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro da tarde. Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática."
Essa coletânea, intitulada "Formação permanente e práticas docentes: construindo resistências e emancipação humana", coordenada por Maurício Cesar Vitoria Fagundes e Silvana Cassia Hoeller, reafirma Freire, trazendo ao leitor, à leitora, importantes aspectos sobre a coerência necessária entre a concepção de educação e a concepção de formação docente. Em outras palavras: se o que se busca construir é a educação emancipatória, a formação docente há que ser emancipatória, não um falar sobre ela, mas a própria formação estar nela fundamentada.
O título do livro nos dá a chave de leitura dos artigos: não se trata apenas de considerar que a formação docente deve ser permanente, mas que ela deve estar articulada às práticas docentes, e, estas, tratadas como inéditos-viávies, práticas docentes a serem ressignificadas, re-pensadas criticamente e socializadas. Além disso, não se trata de qualquer formação docente, mas daquela que pode criar resistências e levar à emancipação intelectual, política, estética, enfim, humana.
Nessa perspectiva, a leitura dos artigos nos conduz a compreender a complexidade implícita nas possíveis propostas de formação docente oriundas no âmbito da escola, do município, do Estado ou nacionalmente.