Espécie de mito fundador não só do Ceará mas do povo brasileiro como um todo, Iracema é o segundo romance da chamada trilogia indianista de José de Alencar. Publicado em 1865 e situado no começo do século 17, o livro trata do encontro de dois mundos: o Velho e o Novo; a civilização e a natureza; uma indígena tabajara, a "virgem dos olhos de mel" do título, e Martim, um português.
Esta fábula da miscigenação não deixa de ser um poema épico: a história de amor proibido entre a jovem sacerdotisa de Tupã e o jovem súdito de Filipe III é desfiada com especial atenção ao ritmo das frases, às metáforas e aliterações. O espírito de Iracema é, a exemplo dos amantes, típico da primeira fase do romantismo: ufanista, colorido, sentimental. Esta obra-prima da literatura brasileira é essencial para entendermos o Brasil de ontem e de hoje.