Em Guerra e política em psicanálise, o premiado psicanalista Joel Birman refaz o percurso freudiano sobre o conceito de guerra e suas relações com a política e a fundação da psicanálise.
Após o fim da Guerra Fria, com a vitória da democracia liberal e da economia capitalista de livre mercado, segundo a proposição do fim da história de Francis Fukuyama, acreditava-se que a humanidade atingiria o equilíbrio. Porém, nos anos seguintes à queda do Muro de Berlim, com a eclosão da guerra entre Estados Unidos e Iraque, o mundo vem assistindo a intensos banhos de sangue promovidos pela maior potência das Américas, em sua tentativa de colonizar o Oriente.
Num novo limiar de historicidade, identidades culturais e religiosas se tornaram, então, a principal fonte de conflito em todo o mundo, confirmando a tese do choque de civilizações, de Samuel P. Huntington. Nesse sentido, a soberania dos países passou a ser colocada em risco a partir do argumento da segurança contra o terrorismo, o que veio a justificar, com a cumplicidade da mídia, o aumento incessante de controle aos cidadãos e a invasão aos Estados constituídos historicamente. Um estado de exceção passa a viger em todo o globo, e aberrações, como a Prisão de Guantánamo, se tornam monumentos desse horror.
Em Guerra e política em psicanálise, o premiado psicanalista Joel Birman refaz o percurso teórico freudiano, que tentou compreender as estruturas sociais e políticas que explicariam por que, após cem anos de paz na Europa - entre as Guerras Napoleônicas e a Primeira Guerra Mundial -, as sociedades mais evoluídas promoveriam um novo banho de sangue e por que as massas aceitavam com tanta facilidade colocar sua vida a serviço das elites.
Na contramão daqueles que consideram acessório o corpo político e social da obra de Sigmund Freud, neste trabalho acessível e conciso, o premiado psicanalista Joel Birman mostra por que essa produção é parte inextrincável do discurso freudiano.