Com o objetivo de constituir uma teorização crítica biográfica fronteiriça a partir de Em liberdade, de 1981 (por coincidência, o ano de meu nascimento), obra publicada pelo escritor e intelectual mineiro Silviano Santiago, este ensaio se instaura por meio de meu discurso transgressor. De modo que a transgressão aqui em destaque é tratada conceitualmente "em seu significado social", como ato ou opção de resistência, frente a um estatuto que impõe dominação e subserviência. Tal ato visa desobedecer a padrões autoritários, impostos violentamente a partir do estabelecimento do colonialismo e da escravidão, desta feita, esta transgressão se conflui com a desobediência epistêmica sobre a qual o intelectual argentino Walter Mignolo se debruça. Assim, impelido por tal evocação, opto por conceituações ancoradas no pensamento descolonial, em uma visada que privilegie pensadores/as negros/as e suas teorizações, algo que contempla também meu próprio ser, meu corpo preto fronteiriço, impulsionado por meu pensar, e por minha pesquisa, que roça a minha pele, eriçando-a, e me motivando a ser também transgressor.